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Ouça os sussurros para não precisar ouvir os gritos

Ouça os sussurros para não precisar ouvir os gritos

Quase todos reconhecem que uma das maiores dificuldades das pessoas é ouvir. Não estou falando da audição, em si. Falo da capacidade de dar atenção ao que os outros dizem, muitas vezes sem as palavras. É comum termos “ouvidos seletivos”, ou seja, só darmos atenção ao que nos interessa, ao que nos agrada. Por isso essa advertência tão importante: ouça os sussurros para não precisar ouvir os gritos.

Ouvir é uma deficiência tão comum que as pessoas que possuem essa competência costumam receber elogios por isso. Já vi até mesmo em descrições de cargo as pessoas colocarem o saber ouvir como uma competência necessária. Isso só evidencia que essa competência é tão rara quanto importante.

Certamente o título deste artigo tem a intenção de ser provocativo. Como temos dificuldade para desenvolver essa competência, precisamos compensar com intencionalidade. Precisamos exercitar o ouvir até que se torne mais natural em nós. E quanto mais atentos estivermos para ouvir as pessoas, menos intenso será o “som”.

A provocação, aqui, é no sentido de desenvolvermos a capacidade de perceber o que acontece ao nosso redor. Isso inclui ouvir as sutis mensagens emitidas pelas pessoas sem tanta ênfase, enxergar as alegrias ou insatisfações ao nosso redor, perceber o “clima” que nos cerca. O ouvir é como uma ilustração que representa toda essa capacidade de percepção necessária.

Os sussurros precedem os gritos.

Uma grande verdade é que sempre que ouvimos os sussurros somos poupados dos gritos. Quando falo de ouvir, não é apenas escutar ou perceber. É, principalmente, atuar sempre que necessário sobre tudo que tem potencial de causar problema, antes que se torne grande demais. Esse é o sentido do aviso: ouça os sussurros para não precisar ouvir os gritos.

Quando ouvimos, percebemos, um potencial problema e agimos sobre ele enquanto ainda é um “sussurro”, ou seja, ainda não se tornou insustentável, temos maior probabilidade de encontrar uma solução simples e rápida. Agora, se esperarmos que o “sussurro” se torne um “grito”, para somente então agir, a solução sempre é mais complicada, custa mais caro e frequentemente deixa marcas indesejáveis.

Conheço alguém que, certa vez, vinha tendo dificuldades de relacionamento com seu gestor no trabalho. Não se sentia reconhecido pelo bom trabalho que acreditava fazer. O gestor sempre rigoroso e nunca reconhecendo os bons números que a pessoa entregava ano a ano. A situação evoluiu até que a pessoa recebeu um convite para trabalhar em outra empresa e decidiu aceitar.

Somente neste momento o gestor quis conversar e reconheceu que não vinha valorizando como deveria o seu trabalho. Mas aí já era tarde para um ajuste de rota. A decisão de sair já estava tomada. O “sussurro” já havia se tornado um “grito”.

Esse é um caso relativamente comum, acontece diariamente nas empresas, nas famílias, nas amizades, em todo lugar. Quantos casamentos já foram desfeitos apenas porque os cônjuges não ouviram os sussurros no tempo oportuno? Quantas relações de pais e filhos já foram rompidas porque não houve atenção aos sussurros e o diálogo se transformou em gritos? Quantos negócios e relações comerciais foram desfeitos somente porque não houve a atenção necessária aos sussurros?

E como ouvir os sussurros para não precisar ouvir os gritos?

A verdade é que estamos a todo tempo recebendo feedback do mundo ao nosso redor. As pessoas que nos cercam estão sempre emitindo sinais a respeito de como se sentem e qual impacto nossas ações provocam. Seja com uma palavra ou uma expressão, elas sempre demonstram se aprovam ou desaprovam o que fazemos.

Isso se aplica ao teu cônjuge, teu filho, teu gestor, ao membro da tua equipe, ao teu amigo e por aí vai. O ponto é: você tem estado atento a estes sussurros? Acho muito interessante o que Jesus falou em Marcos, capítulo 4, versículo 9 “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!” Parece algo infantil, mas está longe disso. É uma severa advertência a prestarmos atenção aos sinais que recebemos.

O fato é que raramente somos pegos de surpresa. Seja em uma demissão, um rompimento de um relacionamento ou qualquer outra situação de ruptura, geralmente não ouvimos os sussurros. Não damos atenção a eles em tempo. E essa desatenção nos obriga a ouvir os gritos e lidar com as consequências, sempre desagradáveis.

Em suma, essa dificuldade de perceber como os outros se sentem é muito motivada pelo nosso egoísmo e orgulho. Enquanto estamos preocupados apenas com nossas prioridades e não conseguimos fazer uma autocrítica equilibrada de nós mesmos e dos outros, é impossível perceber como nossos atos impactam as pessoas ao nosso redor. A consequência é que ficamos completamente incapazes de perceber estes sinais tão importantes.

Aproveite o momento e faça uma análise: você tem tido ouvidos para ouvir?

E aí, faz sentido? Deixe teu comentário. Um abraço.

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