Quero refletir brevemente sobre o bom senso na tomada de decisões. Toda decisão deveria passar pelo filtro do bom senso, mas é incrível como tomamos decisões sem fazer bom uso dessa simples e poderosa “arma”. Eu já tomei diversas decisões equivocadas simplesmente por ignorar isso e me arrependi.
Veja essa curta frase do livro de Provérbios, capítulo 2, versículo 11 “O bom senso o guardará, e o discernimento o protegerá.” Fico impressionado que estas coisas estejam escritas há milênios, sejam tão atuais e, ao mesmo tempo, tão pouco consideradas.
Não tenho dúvidas que o bom senso é uma proteção. Ele nunca faz mal.
Mas afinal de contas, o que é bom senso?
Certamente bom senso é algo subjetivo. Assim como um gosto, é algo bem pessoal. A diferença é que o bom senso parece bom não apenas para quem o possui, mas aos outros ao redor também. O bom senso deixa a vida mais suave e garante o correto sentido às coisas que estamos fazendo.
Penso, também, que o bom senso pode ser desenvolvido. Não acho que seja um dom que algumas pessoas herdaram e outras não. Creio que ele é como uma planta que pode ser cultivada para, em tempo oportuno, dar bons frutos.
Costumo associar bom senso à sabedoria e ao discernimento, e até por isso percebo que ele brilha, mesmo, em pessoas maduras. E maturidade não está necessariamente relacionada à idade, pois conheço pessoas que já estão bem adultas, mas ainda parecem adolescentes na gestão de suas emoções, por exemplo.
Decisões tomadas com bom senso nos deixam mais confortáveis, pois elas transmitem sensatez. Parece que ela faz realmente sentido, está correta e bem amparada pela razão, principalmente quando envolve riscos.
E por que o ignoramos?
Já vi muita coisa nestes mais de 25 anos de caminhada profissional, além dos 47 de vida, então nada mais me surpreende muito. No início da minha carreira, tive um gestor que costumava dizer “eu morro e não vejo tudo”, expressando a ideia que se poderia esperar qualquer coisa das pessoas.
Minha observação sugere que a principal razão para ignorarmos o filtro do bom senso, muitas vezes, é o apego exagerado às regras e à experiência do passado.
As regras e as experiências do passado são boas e costumam nos dar segurança — não devem ser desprezadas — mas o que funcionou bem ontem talvez não sirva mais para hoje. E o filtro do bom senso é o que nos salva de tomar decisões que não fazem mais sentido. Tomar decisões apenas porque “o procedimento diz que é assim” já não cabe mais.
Embora pareça loucura, essa ainda é a realidade em muitas empresas e organizações de todo tipo, inclusive nas de médio e grande portes — até porque nas de pequeno porte, geralmente não há procedimentos tão bem definidos.
Respeitar procedimentos e usar exemplos do passado é válido. O problema é quando usamos isso apenas para evitar o risco de escolher caminhos novos.
Na raiz deste comportamento está o medo de errar.
Nossa cultura não tolera o erro, não enxerga o erro como oportunidade de aprendizado e com isso desestimulamos a tomada de risco e, como consequência, reduzimos os avanços que poderíamos ter.
Tenho certeza que você já viveu situação semelhante no teu trabalho.
Maturidade e coragem, remédios para a falta de bom senso
Envelhecer é obrigatório, mas amadurecer é opcional. Penso que a maturidade vem quando juntamos dois ingredientes fundamentais: conhecimento e desafio. Com novos conhecimentos sua mente se abre a novas possibilidades e você ganha munição para enfrentar os desafios da vida. Ao enfrentar desafios, você ganha as “cicatrizes” necessárias para te ensinar na prática o que apenas a teoria não é capaz. Se você lidera, valorize as pessoas maduras da tua equipe.
Coragem é indispensável para qualquer mudança na vida e de tempos em tempos é preciso mudar, pois a vida e tudo o que nos cerca é dinâmico. Uma boa decisão precisa, antes de tudo, dar resposta efetiva ao problema em questão, ainda que contrarie o procedimento ou a experiência. A escolha por um caminho novo exige coragem. Só não se pode prescindir da integridade e da ética.
Por fim, penso que com maturidade e coragem você desenvolverá o filtro do bom senso e poderá se destacar em tudo o que faz.
E aí, faz sentido para você? Pense um pouco a respeito e deixe a tua opinião nos comentários. Um abraço,
